quarta-feira, 27 de março de 2013

Tudo bem...


Tudo bem, eu cresci, cresci assim mais ou menos, aprendi andar de salto, e aprendi a mais ou menos pintar a cara, aprendi o que devo mostrar e o que devo esconder, e depois de muitos anos, enfim, aprendi a estudar. Aprendi a calcular a velocidade de um móvel com aceleração constante, e aprendi sobre epirogênese e orogênese, sei explicar coisas que nem sabia que existia, sei os nomes das principais universidades, e a função dos mais variados cursos... Sei assim mais pra mais que pra menos o que eu gosto, e sei assim mais pra menos que pra mais o que não gosto. Penso naquilo que penso que quero, mas não penso que quero que chegue a hora. Sei exatamente o que fazer, exatamente aonde estar, sei exatamente como me comportar, sei nos mínimos detalhes como devo ser adulta, mas a maior questão é que não sei se quero.E no fim, não tá nada bem, eu to virando gente grande num corpo de criança, to fazendo coisas responsáveis com minha mente infantil, to sendo aquela gente que não sou eu. Meus planos me fascinam, e me assustam, o número da calça jeans me confunde, o que eu vejo no espelho não sou mais eu, ou eu quem não sou mais o que eu era.

As pessoas falam muito sobre o estranhamento na puberdade, e eu sempre achei ridículo, porque desejei muito ser adolescente... Como eu quis crescer, como eu quis ser como eu sou, e ao mesmo tempo, não consegui ser a adolescente que eu esperava ser. Eu via aos sete anos as pessoas de quatorze, e como eram legais, como eram o perfil de "Malhação"... E vi como aquilo que eu achava que seria estava totalmente distante daquilo que eu realmente queria ser, e assim, não cheguei a me tornar adolescente. E eu, ao olhar pra trás e ver os meus 14 anos, vejo toda minha meninice, minha meninice misturada com o meu jeito adolescente meio atrapalhado e meio assim errado de ser. E agora, aos 17, com zero resquício de confusão hormonal, me vejo confusa na fase de transição que me deveria ser mais natural. Mas como posso eu ser adulta sem ter deixado de ser um dia criança, como posso me tornar uma mulher se nem sequer deixei de ser menina. Como posso falar de assuntos sérios se o que me faz feliz é rir de quando eu caio, ou quando o bolo agarra todo na forma, é brincar com o imã da minha bolsa e misturar os meus "conhecimentos técnicos" com a correntinha grudada no feixo? Como posso ser a mulher que eu devo ser, se tudo que eu sou é menina.

Mas e será que serei feliz ao viver aquilo que me faz rir sabendo de todo o desacerto que passa pelo mundo? E se eu passar a me dedicar aos assuntos sérios, o que eu vou poder fazer? E se eu fizer alguma coisa, eu posso mudar o mundo? E aí, eu serei feliz?

E essa minha puberdade tardia, misturada com o meu medo eterno de crescer tem me feito chorar, e chorar me faz lembrar que não há o que fazer, pois há alguns anos, eu mesma me disse: "Hei, menina, enquanto você chora e sente pena de você, você poderia estar LUTANDO por você, porque isso é uma coisa que só você é capaz de fazer.". E minha vontade de lutar me faz triste, porque não sei qual o meu time, não sei pra onde ir, e não sei porque lutar. Me sinto forte pra lutar por aquilo que for, e me sinto fraca pela cegueira que me impede de distinguir aquilo que eu quero pra mim.

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