Daniel Polcaro; ou algum amigo dele.... não fique bravo .-. só peguei emprestado o texto
POSTAGEM ORIGINAL

Esqueci como é seu abraço. Do seu beijo ainda lembro o gosto, ainda que não seja possível saboreá-lo com o pensamento por mais de cinco segundos. O seu olhar continua o mesmo, por mais que, de corpo e alma, você tenha mudado da calçada do destino de nossas existências.
Poderia repetir para você o refrão ou traduzir qualquer música romântica nesta carta aberta, mas não. Não é a mesma coisa. Não é como ver o papel em branco e produzir algo que soluça do meu coração meio que produto do que você me fez lembrar em dias recentes.
Nunca mais te vi. Nunca mais nos falamos. Você é hoje uma desconhecida na multidão das paixões do mundo. Mas você nunca foi mais uma ou uma a mais. Você, até hoje, foi a… foi o muito do pouco de bom que a vida me ofereceu.
Uma ligação tarde da noite. Uma notícia: estava mais próxima do que imaginava. Mais próxima mesmo. Você sabe. Aliás, uma surpresa – a melhor da minha vida. (O coração lembra cada detalhe, você nem acreditaria se te contasse tudo o que se reaviva).
Mas aceitei bem nossa separação. Ela foi uma guinada irreparável, mas foi uma guinada que aconteceu sustentada por outras felicidades à época. Não sofri tanto quanto os semi-mortos de paixão dos clássicos da literatura. E também não me atirei na primeira janela aberta para a perdição.
Não amo mais você. Não sou mais apaixonado por você. O que sinto é uma coisa, acredito, sentida somente por pessoas que souberam aproveitar os momentos ímpares e que souberam diferi-los como sublimes. Uma coisa sem nome, que vem junto com a saudade.
Não tenho mais nenhuma foto sua. Isso me dói. Queria saborear um sorriso seu — casado com o meu — enquanto escutasse no fone de ouvido a nossa música. (Sim, aquela)
Mas o tempo passou. Passou mesmo. Minha vida se transformou de certa forma que não tem mais volta. E por isso, sinceramente, não imagino nós novamente juntos. Nossa história agora é a poeira de uma estrela no universo (que brilha só para eu não esquecer do que vivemos).
Esta carta não é para que você lembre de mim e que voltemos um dia. Esta carta é só um registro do tempo, é só o papel sendo preenchido pelas palavras que ficaram na minha mente por um tempo e que deveriam ter chegado, em mãos, para você um dia.
E se não chegar, mesmo depois de milhares de pessoas saberem de parte da nossa história, não importa. O que importa é meu coração se desafogando de uma pedra amarrada aos meus pés que me afunda de tempos em tempos. Desafogando para boiar no mar do simplesmente, e o bastante, sentimento que “foi bom”.
Quero sentar num banco da Praça da Matriz qualquer dia desses. E lembrar. Lembrar do dia que a gente sentou lá e tudo começou. Que a missa começou. Que o filme começou. Que nossa história começou.
E ela chegou ao fim. Tristemente. Mas também alegremente, como qualquer história de amor que deixou lembranças tão vivas que se pode tocá-las todos os dias, reviver e sentir o mais puro cheiro das flores que perfumaram nossos dias.
Texto: Daniel Polcaro
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